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Covid-19 e a saúde mental da população brasileira durante a crise sanitária

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A Organização Mundial de Saúde declarou, em janeiro de 2020, o surgimento da Covid-19. O vírus foi considerado internacionalmente como uma emergência de saúde pública, com alto risco de contaminação da população mundial. A OMS avaliou, em março de 2020, que o coronavírus se tratava de uma pandemia.

Este cenário vem representando um grande desafio para os profissionais de saúde, já que o vírus SARS-CoV-2 ainda não é totalmente conhecido e estão sendo necessárias uma série de descobertas sobre a doença.

Além de sintomas físicos como tosse, febre, cansaço, dores no corpo, dores de cabeça, perda de paladar e olfato e falta de ar, o vírus também tem impactado a saúde mental das pessoas. Isso porque com a pandemia, foi preciso que elas ficassem em casa, fazendo o isolamento social, prezando pela sua segurança e saúde.

Contudo, é importante destacar que a adaptação e capacidade de resiliência à nova realidade e, consequentemente, aos novos hábitos não são fáceis. A casa se tornou o espaço central da vida e rotina dos brasileiros. É nela que fazemos as refeições, dormimos, trabalhamos, estudamos e temos momentos de lazer. A ausência de interações e demonstrações de afeto afetam diretamente o emocional das pessoas e o medo, a tristeza profunda e a ansiedade tem sido cada vez mais frequentes.

Neste contexto, é essencial que a comunidade médica e demais profissionais da área de saúde fiquem atentos ao risco de uma pandemia paralela: o aumento do sofrimento psicológico, dos sintomas psíquicos e transtornos mentais como ansiedade e depressão.

Cada um tem a sua história, valores, crenças, hábitos e realidade. Isso faz com que as pessoas tenham reações distintas quando colocadas em situações de estresse, ainda mais em uma crise nunca vivida anteriormente e o país em um estado de calamidade pública.

Os profissionais de saúde que estão na linha de frente da Covid-19, pessoas idosas ou com comorbidades, que apresentam maior risco de agravamento da doença, e portadores de doenças mentais, incluindo as relacionadas ao uso de substâncias químicas, são os grupos que têm maior probabilidade de altos níveis de estresse na pandemia.

A infecção ou morte de parentes e amigos próximos, o estresse oriundo da mudança de rotina e hábitos, a adaptação ao modelo home office e o aumento da carga de trabalho em casa são exemplos de causas ligadas ao aumento de sintomas psíquicos e transtornos mentais durante a Covid-19.

A raiva, frustração, irritabilidade, o medo da solidão ou do estigma de ser portador do coronavírus, alterações no sono, tristeza profunda, ansiedade, o medo de morrer e/ou de perder pessoas da família ou amigos próximos, o tédio, a ausência de esperança, a preocupação com a obtenção de medicamentos, alimentos e demais suprimentos são algumas das reações comuns entre as pessoas no período que estamos vivendo.

Segundo o artigo “Interações psico-neuro-endócrino-imunes na Covid-19: impactos potenciais na saúde mental”, publicado pela revista internacional Frontiers in Immunology,o novo coronavírus pode causar alterações neurais, imunes e endócrinas ligadas à infecção e ao isolamento social, desencadeando assim em possíveis transtornos psicológicos.

Os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz e da Universidade Federal Fluminense apontam a urgência na realização de esforços para a compreensão da fisiopatologia do vírus SARS-CoV-2, incluindo a infecção do sistema nervoso central e o risco de comprometimento da saúde mental da população brasileira. Caso não seja tomada nenhuma ação imediata, a probabilidade de enfrentarmos futuramente uma pandemia ligada à saúde mental é grande.

De acordo com o artigo “Covid-19 e os impactos na saúde mental: uma amostra do Rio Grande do Sul, Brasil”, publicado pelo Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ter renda mais baixa, fazer parte do grupo de risco e estar muito em contato com notícias sobre infectados e mortos são fatores que podem ser mais prejudiciais à saúde mental durante a pandemia.

 O estudo foi feito com 799 pessoas do Rio Grande do Sul com idades entre 18 e 75 anos, em que 82,7% eram mulheres e responderam perguntas ligadas a aspectos sociodemográficos. Quando questionados sobre a renda, 49% alegaram ter renda familiar mensal de até R $5.200 e somente 7,5% declararam ter renda familiar equivalente a um salário mínimo. Cerca de 46% dos entrevistados, quando perguntados a respeito dos impactos financeiros gerados pela Covid-19, alegaram terem tido perdas econômicas ao longo desse tempo.

O novo cenário que estamos vivendo é, para muitos, como se estivéssemos em um filme de ficção. Afinal, é a primeira vez na história da humanidade que passamos por uma pandemia como essa.

Desde o início de 2020 até o momento presente, precisamos enfrentar os desafios, nos adaptar e transformar diante da nova realidade. Para isso, existem algumas estratégias que podem auxiliar as pessoas durante essa fase, contribuindo assim com sua qualidade de vida e bem-estar. São elas:

●     Filtrar o consumo de informações sobre o tema, reservando apenas um período do dia para isso.

●     Leia notícias de fontes confiáveis como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde.

●     Estabelecer uma rotina, mesmo que dentro de casa: manter os horários de acordar, fazer as refeições, trabalhar, se distrair e dormir como eram antes.

●     Descobrir ou retomar um hobby que te dê prazer.

●   Fazer exercícios físicos em casa diariamente. Afinal, estudos comprovam como eles são benéficos não só para a saúde física, mas também para a saúde mental, principalmente na diminuição de transtornos como ansiedade e depressão.

●     Investir em atividades que promovam o relaxamento, a consciência corporal, a respiração e o foco no momento presente como a yoga e meditação.

●     Cultivar momentos com as pessoas que dividem espaço com você, além de fazer videochamadas com outros familiares e amigos próximos.

●     Ter acompanhamento psicológico durante a pandemia e, se necessário, psiquiátrico também.

Lembre-se que cuidar da saúde mental deve estar entre as suas prioridades para ter mais bem-estar e qualidade de vida.

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